quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Para a experiência ser completa

Fui parar no hospital. Sim, soó porque eu estava elogiando a comida e super curtindo tudo, eu tive intoxicação alimentar (Y).

Segunda-feira à noite fui a um lugar chamado Janata e comi um pãozinho com queijo. No sábado eu já tinha ido lá e comido a mesma coisa e nada tinha acontecido, então... não sei, acredito que um dos ingredientes estava estragado. Só que das cinco pessoas que comeram aquilo, apenas eu e a minha colega de quarto passamos mal. Estranho, né? Enfim, agora vou contar toda a minha terça-feira dramática.

Logo após chegar em casa, perto das 2h de matina, comecei a passar mal. Senti meu estômago inchado e vomitei. Dormi um pouco e vomitei de novo, desta vez não era nem comida, era uma gosma verde horrorosa, pior do que vocês possam imaginar. Aí passou mais um tempo, muita dor de barriga e decidi ligar para o seguro saúde que fiz no Brasil, isso já eram umas 5h da manhã. Não me recordo de ter me sentido tão mal e fraca alguma outra vez na vida, sentia que ia desmaiar o tempo todo. Foi BEM tenso.

O meu seguro foi feito pelo cartão de crédito Visa, porque como a mãe comprou a passagem com o cartão e eu tenho menos que 23 anos, ela poderia fazer o seguro sem pagar nada, porém ele cobre apenas 60 dias. Anyway, liguei pro seguro, confirmei os dados e em poucos minutos um indiano da seguradora daqui me ligou (atendimento nota 10, recomendo). O serviço aqui em qualquer lugar é sempre confuso e normalmente ninguém sabe te dar uma informação correta, portanto depois de muito perguntar e explicar, acabei ligando pra um brasileiro (thanks, Eliabe!) que me indicou um hospital chamado Seven Hills, perto de onde moro.

Eu e minha flatmate Marianella nem pensamos duas vezes, estávamos muito mal, pegamos um rickshaw e fomos pro hospital. Chegando lá o hospital era muuuuito bom, melhor do que qualquer hospital que já experienciei no Brasil, inclusive o HPS (bom dia, serviço público!), lembram?

Preenchemos uma ficha e nos encaminharam para a sala de emergência - limpinha e sem ninguém - meteram a agulha na nossa mão e começaram a tacar soro. Ficamos neste processo por umas 3 horas e meia até que o meu seguro ligou pra hospital e confirmou que pagaria tudo. Me obrigaram a vestir uma roupa azul de hospital e me levaram numa cadeira de rodas tapada com um lençol (invalidez batendo forte na pessoa) até um quarto no sexto andar - detalhe: o quarto era muito melhor que o ap que moro aqui, tinha até TV e ar-condicionado - mas se eu soubesse do drama que iria acontecer depois disso, confesso que eu preferiria que meu seguro não tivesse sido admitido neste hospital.




Bom, passou alguns minutos e um colega do trabalho veio me visitar e trazer meu passaporte porque a bocó tinha esquecido. Ele saiu e segundos depois a Marianella chegou no meu quarto andando bem feliz e sem mais a agulha no dorso da mão. Perguntei o que tinha acontecido e ela disse que tinha sido liberada porque o seguro dela não tinha sido aprovado. Hmmmmm... o meu seguro foi aprovado então eu tenho que ficar no hospital? Antes de mim achar qualquer coisa sobre esta questão, entraram no meu quarto duas enfermeiras, dois médicos e um fisioterapeuta, deram mais uns doses de soro, falaram que a minha dieta deveria ser de líquidos, que eu ficaria no hospital até o dia seguinte, fizeram eu me sentir a pessoa mais importante do mundo e saíram.

PERAE. Até o dia seguinte?! Só porque o meu seguro foi aprovado ou será que eu estava morrendo mesmo?? Fiquei tensa e com fome. Comi uma sopinha, continuei com fome, dormi um pouco e mais pessoas vieram perguntar se eu estava bem, inclusive o setor de Relações Públicas do hospital! hahahah meeenos né minha gente. Este tratamento estava estranho demais.

Dois indianos amigos nossos foram nos visitar - Marianella querida ficou comigo a tarde toda - e aos poucos eu fui ficando com tanta fome e com tanta raiva por não poder ir embora que comecei a chorar. É claro que a supervisora do andar chegou rapidinho e subitamente me deixou comer alimentos leves e ir embora no mesmo dia. Isso eram 17h, ok? Neste momento se deu início o processo de tentar sair do hospital. 




Depois de insistir e reclamar de uma maneira educada por três horas, finalmente apareceu uma enfermeira para retirar a agulha da minha mão. Nesse meio tempo eu tive que assinar milhões de documentos, comi um sanduíche, tomei um suco e outra sopa, olhei TV, pedi a conta...

Até que eram umas oito horas quando deixei o meu quarto. Ao chegar no final do corredor, falaram que eu deveria pagar a conta. OI? OITO MIL RUPIAS. (ainda não fiz um post explicando sobre dinheiro e as rupias - moeda local - mas adianto que oito mil rupias é bastante pro pessoal daqui). Eu estava exausta, queria ir pra casa e ainda tive que discutir com um indiano que eu não iria pagar, que o seguro iria arcar com custos, como foi combinado com os funcionários do turno da manhã. Acreditam que uma enfermeira achou que eu iria fugir sem pagar e mandou um segurança ficar de olho em mim? hahaha ainda bem que ela mandou porque eu estava quase fugindo :P

Já eram nove horas da noite (!) quando o meu novo trainee buddy conseguiu explicar a situação do seguro e, enfim, me deixaram ir embora. Nossa, que sufoco. Comprei meus remedinhos, fui pra casa, tomei um banho e dormi por 10 horas seguidas. No outro dia ainda acordei meio enjoada e não fui trabalhar, descansei e hoje estou pronta para a próxima aventura, Índia.

Medo do que me espera. Até mais.

Um comentário:

  1. Nossa, Lia!
    Quantas aventuras em tão pouco tempo! Espero que tu estejas melhor de saúde e volte a aproveitar a experiência com força total.
    Li os posts e ri muito. Choque cultural é pouco. Então tem de saber parkur para atravessar a rua? Adorei a dica de pular sobre os carros... hehehe.
    Mas, enfim, coisas de ficar muito longe de casa das quais, espero, tu dê muita risada no futuro.

    Beijos, amada!
    Se cuida!
    Tati

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