quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Meus sentimentos antagônicos

Tenho alguns posts no rascunho desde que aterrizei na China, mas sempre acabo deixando pra finalizar depois, por diversos motivos. Aí quando volto pra ler, vejo que a minha opinião sobre determinado assunto que estava escrevendo mudou completamente. Eu sei, isso é normal, estou num novo ambiente e a gente vai passando por transformações, só que aqui parece diferente.

Cheguei amando meus primeiros dias, a tecnologia, a organização me surpreendeu. Por um lado era isso que eu estava esperando, luzes, modernidade. Aí passado mais ou menos um mês eu odiei, sentia raiva frequentemente e pensava seriamente em desistir de tudo e ir pra outro lugar, o idioma estava difícil de aprender, não estava me acertando com a criança e tinha ódio dos chineses, das suas tecnologias e do calor dessa cidade.

Agora com dois meses e meio de China me sinto adaptada, como me senti na Índia um dia, ainda que com sentimentos estranhos que não consigo identificar o que são. Não chega a ser amor e ódio, é algo como um entendimento dessa cultura milenar, um entendimento de porque os chineses são assim e fazem o que fazem. Isso é fruto da minha convivência direta, 24h com este povo. Diferente da Índia, onde eu tinha muitos amigos estrangeiros, aqui eu também tenho, mas passo todos os meus dias em uma casa com chineses, tentando falar mandarim, me esforçando mais para entendê-los do que ficar irritada com certas coisas. Levando a vida com mais humor, sabe?

Um dos grandes motivos de não saber o que eu sinto ao estar aqui é a criança que ensino inglês. O meu trabalho é ficar com ela, conversar em inglês que nessa convivência ela vai aprendendo, mas também dou uma hora de aula à noite. À noite porque ela passa o dia inteiro no colégio, voltou esta semana por sinal. Nos meus dois primeiros meses, tirando a primeira semana, ela e o irmão dela passaram todos os dias em casa, comigo e com a Aí. Este foi o grande motivo de eu entrar em crise e ficar louca muitas vezes. Duas crianças te azucrinando o dia inteiro não é fácil, e os dois são bem mimadinhos, daí se não faz o que querem um chora e grita e o outro briga e fica emburrado por dias.

Neste tempo aprendi a lidar, aprendi a negociar com crianças, aqui tudo é a base da negociação. Fez os temas? Ok, agora pode brincar. Hoje passou o dia inteiro sem reclamar nem gritar? Tudo bem, eu faço banana com chocolate. Tipo, aquele sistema de recompensas, sabe? Não estou dizendo que isso é certo de fazer com crianças, muito menos que eu sou uma ótima educadora (risos), mas funcionou aqui e durante dias a paz reinou neste apartamento chinês.

Agora que todo mundo voltou pra escola, inclusive eu depois do meu recesso das aulas de chinês e da academia (leia-se: preguiça), a vida parece mais bonita, a China menos cheia e eu com um melhor humor. Voltei a rotina de acordar às seis e meia da manhã para levar uma pequena na escola, bonito isso, né? Me sinto até gente grande tendo como responsabilidade levar e buscar uma criança na escola.

Um pouco irritante que as fotos que estou fazendo upload no blog estão perdendo a qualidade :/ mas só de texto a gente não vive né. Fotos são legais, aí vão algumas.

Um dia bom nas férias. Fomos eu e a Linda visitar um museu e fazer compras.

A de verde é a Aí no dia que fomos na feira.

A mãe e seus prodígios num museu tecnológico nas férias.
Passamos o dia inteiro lá e eu estava de ressaca. Dormi no Cinema 3D.

O último dia da Priscila, fomos ao mercado.
Priscila, é a brasileira que estava na mesma família que eu e que eu conheci na Índia!
Vou pra minha aula até antes da hora hoje porque estão reformando o apartamento de cima, aí já viu né, das oito às oito, só barulho.

Beijos do meu dia simpático.

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